Descobri o Yoga em 2002, durante a realização da tese de mestrado em Sociologia Urbana, na Faculdade de Arquitetura da Universidade da Bauhaus, na Alemanha, quando o meu Tutor, Gerd Zimmermann me sugeriu orientar as minhas pesquisas para tudo menos para arquitetura. Foi quando de um livro sobre antropologia cultural salta o tema das culturas ocidentais e uma voz mais alta que a minha se antecipa na leitura, como se já soubesse o que estava escrito no livro.
Li imenso sobre a ciência do yoga antes de me iniciar na sua prática. O que dificultou a minha busca por um professor/mestre que me pudesse iniciar neste caminho, pois a minha fasquia era bastante elevada.
Finalmente, já de volta a Portugal, encontrei Maria Dinorah de Freitas, cujo Centro de Yoga atraía quem estava alinhado com a sua energia, como um farol no 11º andar de um prédio no centro do Porto. Não havia nada escrito à porta, nem publicidade no hall de escadas…não me perguntes como fui lá ter, porque não me lembro.
toquei à campainha e a porta abriu-se num ápice. Uma senhora baixinha e idónea olhou-me sorridente e disse:
“Olá!! Entra, entra que a aula vai começar.”
Em passos rápidos segui-a. Larguei tudo à porta da sala, descalcei os sapatos e sentei-me num tapete de algodão. A sala ja estava cheia de gente quieta e em silêncio. As paredes eram lisas, não havia um único quadro. Somente plantas trepadeiras penduradas nas paredes. Um tic-tac subtil suspendeu-me no tempo e de olhos nos olhos com a senhora, que à pouco me recebeu e agora se sentava no lugar do professor, respondi silenciosamente afirmativo à sua pergunta:
“ Vamos começar? ”
Clareou a voz e durante uma hora não se mexeu. Orientou o grupo com palavras simples e assertivas. O grupo acompanhou a instrução em sincronia perfeita. No final, senti-me plenamente presente em mim. Estava completa. Sabia que a minha hora tinha chegado e escolhi-a como Mestre.
“Quando o Discípulo está preparado o Mestre aparece.”
Eu e a mestre caminhamos juntas durante 7 anos. Muito ficou por aprender, mas uma coisa ficou sempre presente dos seu ensinamentos. Que um bom professor é aquele que prepara o aluno para caminhar sozinho, sem dependências, sem apegos. Por isso, sigo sozinha mas com a mestria do yoga desperta no meu coração.
Susana Pessoa Neves