Quando Yoga combina com Arte

Quando converso com as pessoas e me perguntam o que faço temos sempre pano para mangas.

– Ah! És professora de yoga! Então és elástica!?

– Uau! Nota-se. És uma pessoa muito calma!

É comum julgar o Yoga como uma performance acrobática ou como forma de exercício para a manutenção da saúde do corpo e da mente. E realmente as práticas de yoga transformam o corpo físico, trazem harmonia e equilíbrio, melhoram a qualidade do sono, auxiliam na gestão emocional e por tanto, conduzem a um estado de paz interna, a qual se revela pela atitude serena e aura brilhante.

Mesmo quem não é sensível aos “brilhos” da aura, sente que é bom estar na presença daquela pessoa. Ou apenas pelo simples facto de ter havido uma troca de palavras, ou um toque no braço, nas costas, a pessoa sai mais leve e motivada.

É incrível mas é verdade.

O Yoga vai para além da atividade física e do relaxamento. É a ciência da consciência e quem mergulha na sua imensidão de aprendizagens nunca mais volta a ser o mesmo.

O Yogui é o místico, o sábio e o louco. Místico porque ninguém sabe bem em que dimensão ele está e onde ele vai desencantar aquelas palavras assertivas. Sábio pelo saber que nos despe de crenças e preconceitos e revela a nossa verdadeira natureza. Louco porque a loucura é o rotulo de quem vive livre e intensamente.

Então chegamos onde te queria levar: Viver livre e intensamente. Quem não!? Tu também, certo?

E como?

Observação

Comecemos por observar a ordem da vida. Como flui a vida das árvores, os movimentos das marés, os ciclos da lua e do sol, os rituais dos pássaros ou de outro bicho qualquer. Depois desta observação, olhemos profundamente para o fluir da vida do ser humano, os seus movimentos, ciclos, rituais e tentemos encontrar a coerência!

Pois, não há coerência. Não há ordem porque a humanidade está em desarmonia, desconetada da Natureza e distante da sua própria natureza. Não sabe quem é e qual o seu propósito aqui na Terra. Ou terá o propósito de desrespeitar e destruir a Mãe Terra, vivendo às suas custas, usando dos seus recursos até a exaustão?

Vejam uma mãe que alimenta o seu filho com o seu próprio leite. Imaginem que ela amamenta continuamente a cria até à idade adulta. O que aconteceria a esta mãe? – Ficaria tão desnutrida podendo até ser levada à morte e o seu filho não aprenderia a se tornar autónomo e auto-sustentável.

Ora bem, esta é uma imagem surreal, mas não deixa de ser o que a humanidade está a fazer ao planeta. Contudo, há uma parte de nós que sabe que isto não está certo, mas sente-se incapaz de mudar o rumo que a vida está a tomar SOZINHO.

Trago-te boas notícias!

É possível contribuir para uma vida mais saudável e em harmonia com TODA a natureza. Uma vida sustentada por uma NOVA consciência.

Comecemos por observar a ordem da vida. Como tudo na natureza flui e se movimenta organicamente. Como tudo é cíclico e organizado.

Há uma força interna, que tudo permeia e que torna possível a ordem da vida do planeta e da totalidade do Universo. E somente observando.

Contemplação

Depois de observar, contempla. E na contemplação há uma ação implícita de identificação com o objeto. Se essa contemplação for mantida por um longo período de tempo, o observador funde-se com o objeto e deixa de haver dois para existir um. A unidade.

Nesta experiência de unidade, a ordem da vida é percebida noutra dimensão, que não a mental. Uma dimensão mais elevada e intensa, que nenhuma palavra pode explicar. Esta experiência é o estado de yoga mais elevada que existe o qual pode ser alcançado quando estivermos com os sentidos despertos e calibrados.

Unidade

O Yoga, como ciência, indica o caminho para esta fusão. Mas a disciplina e perseverança que o caminho exige desmotiva a pessoa, habitante deste século. Que procura ansiosamente a resposta para tudo de uma forma superficial e espera formulas mágicas para resultados rápidos.

E neste contexto, entro eu, como professora de yoga do século XXI, em pleno ocidente , onde a cultura da imagem e da rapidez domina a vida das pessoas. Um domínio louco, que não dá espaço para pensar pela sua cabeça, para respirar e assentar valores. O que me traz a responsabilidade acrescida de transmitir o yoga sem perder a sua essência.

– Sim, no yoga exploramos os movimentos e as formas do corpo. Cada um com o seu corpo, cada um com as suas formas e movimentos. Também desenvolvemos os sentido, pela observação e contemplação da natureza. Usamos a imaginação para criar arte. Arte, música, dança…arte em geral.

Arte

– Mas o que a Arte tem a ver com Yoga?

– Pelo contacto com diferentes matérias e texturas aprendemos habilidades técnicas e desenvolvemos o sentido de estéticas. Na exploração de sons e da própria voz abrimos a porta para outras dimensões. Se começarmos desce cedo a explorar a natureza e vivermos intensamente nos seus elementos, aprimoramos a habilidade de observar, de interpretar e recriar o mundo. E esse é o objetivo do Yoga no ocidente. Orientar o indivíduo no desenvolvimento das suas habilidades, através do corpo, para que possa ser livre e viver plenamente na sua integridade. O inevitável é que, o mundo que o cerca levará com uma chuva curandeira, só pela sua presença.

Na Escola AdiYogi já existem vários projetos neste âmbito e outros ainda em processo de desenvolvimento. O mais explicito é Art&Yoga, que tem vindo a realizar-se mensalmente, em Espinho e em breve noutros lugares. As aulas de Yoga e os Yoguinhos são fantásticos para iniciar este processo criativo, de auto-descoberta e reintegração do Ser. Teremos todo o gosto que te juntes à comunidade.

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